Já se aproxima do fim, o julgamento do Caso dos Emails. A defesa das águias reconhece que Diogo Faria, Francisco Marques e Júlio Magalhães têm responsabilidades diferentes, mas deveriam ser condenados por todos os crimes.
Tenho grande simpatia por Júlio Magalhães, pelo percurso, e até percebemos que está numa posição delicada. O arguido tinha espécie de acordo com FC Porto sobre conteúdos do Porto Canal. Tinha, é um facto, mas desculpem a ligeireza da expressão, temos pena. Esse acordo com o FC Porto não bate certo com os critérios da responsabilização dos pontos de vista de um diretor geral de um canal. Tinha a obrigação e o poder de parar as condutas e travar a emissão dos programas. Admito e compreendo que tinha contas para pagar, mas do ponto de vista da responsabilidade, temos pena. Não colhe o argumento de que ele não sabia. Ele não participava no alinhamento, mas ele sabia que semana após semana se divulgava informação que era informação obtida e divulgada de forma criminosa. Nos programas era anunciado o que se daria na semana seguinte. E até esteve no programa.
Advogado do Benfica sobre Júlio Magalhães
Eu recordo aqui que ele foi contratado propositadamente para esta tarefa. Ele foi lá oferecer-se com Pedro Bragança, com o seu portismo, achando que podia contribuir e tinha logo aqui uma tarefa ótima para o Diogo Faria fazer. Fez a seleção, foi ele que contribuiu para o modo como foi informado cada programa e como as coisas foram selecionadas para J. Marques. Ele fez a triagem, a preparação, acede na primeira linha aos emails e depois dá o contributo material muito significativo para aquilo que é o trabalho de transmissão do programa. O próprio sabia à partida que tinham sido adquiridos os emails de foram duvidosa. Ele lá andou durante semanas e meses a vasculhar naquela informação
Advogado do Benfica sobre Diogo Faria
Vê-se claramente na forma como isto foi moldado, o perfil e o objetivo do arguido. A defesa do FC Porto e isso implica o ataque aos rivais. É ele que protagoniza o dia a dia desta crónica folhetinesca e depois também é o autor do polvo encarnado. Os arguidos cometeram os crimes de que vêm acusados, ainda que com gravidades diferentes. Além disso, os arguidos continuam a achar que fizeram muito bem, que agiram bem. Dirão que agiram movidos pelo interesse público. Os dois não têm pinga de arrependimento. Júlio Magalhães revelou algum incómodo com o seu comportamento. Em quarto lugar o interesse público é uma mistificação a que recorrentemente os arguidos recorrem, numa tentativa de esconder coisas óbvias. Como saberão, recentemente vieram a público notícias sobre constituição de arguidos num processo. Os arguidos deste processo dirão aqui está a prova do interesse público. Isso não é evidência de nenhum interesse público. Mais a mais, porque já passaram cinco anos e tal sobre o início deste processo. Mas gostava de dizer que a constituição de arguidos não teve qualquer implicação concreta. Foram constituídos arguidos de forma genérica.
Alegações finais do advogado do Benfica