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Pierre van Hooijdonk e as recordações no Benfica

Nov 29, 2022

O antigo avançado holandês recordou, em declarações à aplicação Benfica Play, que foi convencido pelo então presidente João Vale e Azevedo, na Holanda, no «único dia de folga» durante o Euro-2000. Foi atraído pelo clima português depois de dois anos jogar no Celtic (Escócia) e outros dois no Nottingham Forest (Inglaterra). E não só:

«Ao longo da minha carreira, quando um clube estava interessado, eu pensava: ‘Os números são bons, o clube parece bom, vamos a isso’. Claro que ninguém me precisou de explicar o que era o Benfica. Qualquer pessoa que conheça um pouco de futebol conhece o Benfica.»

Não só estaria iludido quanto às condições climatéricas – «foi um dos piores anos em Portugal» – como quanto ao que encontrou: «Quando assinei, o presidente disse-me que iria fazer dupla de ataque com Nuno Gomes. E Nuno teve um Euro-2000 fantástico. Marcou golos fantásticos. Olhei para as qualidades do Nuno e pensei: ‘Pode ser uma combinação fantástica’. Nuno tinha velocidade, desmarcava-se atrás dos defesas, eu era um jogador que gostava mais de aparecer e de ter a bola para finalizar. A perspetiva era fantástica. Quando cheguei a Portugal pela primeira vez depois do Euro, fui ao Estádio da Luz e entrei no balneário. O Nuno estava lá, apresentei-me a alguns jogadores e disse-lhe: ‘Prazer em conhecer-te, espero que possamos fazer uma parceria fantástica’. Mas ele respondeu-me logo: ‘Desculpa, amigo, mas estou de saída para o aeroporto. Vou para a Fiorentina’. Essa parceria nunca chegou a tornar-se realidade, infelizmente. Sem dúvida teria sido uma combinação fantástica.»

Foi um ano «com muitos problemas para o clube», assinala Hooijdonk, que recorda a substituição de Vale e Azevedo por Manuel Vilarinho, em outubro de 2000. «Entraram muitas pessoas, saíram muitas, entraram treinadores novos e jogadores que Vilarinho tinha prometido. Foi uma grande confusão. O problema é que no campo foi o mesmo. A equipa não era suficientemente forte para competir, imediatamente, pelo título. Isso provocou muita frustração nos adeptos. Obviamente, enquanto jogadores sentimos isso e percebemos logo que o clube está habituado a ganhar troféus, os adeptos no passado viram equipas vencedores, com avançados fantásticos, com jogadores fantásticos», explica.

O holandês tem memória fresca, por exemplo, do jogo com o Boavista, na Luz, à 21.ª jornada, na qual o Benfica poderia ter saltado para a liderança: «Chegámos a estar perto do primeiro lugar, em fevereiro jogámos com o Boavista, que estava em primeiro lugar, se ganhássemos passaríamos para o topo. Empatámos 0-0 e foi o último de uma série de jogos fantásticos. Depois piorámos e acabámos em sexto.»

Pouco depois de Vilarinho assumir a presidência, uma surpresa desagradável: «Pediu-me para sair. Eu não queria sair. Nem sequer ainda tinha desfeito as malas naquela altura. Disse: ‘Não vou a lado algum, fico aqui’. Mas continuei forte, voltei à equipa e marquei bastantes golos nessa época. A injustiça chegou no fim da época, pediram-me outra vez para sair. Nessa época marquei 19 golos [no campeonato, 23 em todas as provas], voltei à seleção holandesa e tinha uma relação muito boa com os adeptos. Aconteceu e para mim, até hoje, não há problema. Conheço o mundo do futebol e estas coisas podem acontecer. Isso nunca muda. Estou simplesmente orgulhoso por ter jogado por um clube tão grande. E estou ainda mais orgulhoso porque os adeptos ainda falam muito bem de mim. Isso vale muito.»

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